O novo normal: o que é expectativa e o que é fato?

02/06/2020

Inovação

O novo normal: o que é expectativa e o que é fato?

Na busca por compreender as mudanças trazidas pela pandemia de Covid-19, você deve ter encontrado o termo “novo normal”. Provavelmente, tem o visto até com bastante frequência. Aqui mesmo no Negócios SC já o mencionamos no artigo “Efeito cocooning: o encasulamento como novo normal”.

A aparente simplicidade do conceito esconde um debate mais profundo sobre dele. Argumenta-se até, como opinou o produtor de cinema M.M. Izidoro, que não exista um “novo normal”.

Pretendemos, então, mostrar a seguir algumas visões sobre este assunto e apontar o que podemos esperar de fato. Acompanhe!

O que é o novo normal?

O conceito de novo normal, na verdade, não é inédito nem surgiu por causa da Covid-19. Em 2009, ele já era abordado por observadores do mercado econômico, como a McKinsey, referindo-se à adaptação dos Estados Unidos ao pós-crise de 2008.

A definição de novo normal está associada a uma mudança drástica da sociedade. Mais precisamente, a uma transformação substancial no modo de fazer as coisas, e não a uma retomada imediata ao status anterior. E o novo coronavírus mudou muito em nosso estilo de vida, portanto é compreensível que se pergunte: como viveremos daqui para a frente?

A resposta é esse “novo normal”, à primeira vista tão vago quanto contraditório.

Veja, por exemplo, as notícias da reabertura do comércio em alguns países. Na China, uma loja da marca de luxo Hermès vendeu 2,7 milhões de dólares em um dia. Na França, clientes fizeram fila na frente de um estabelecimento da Zara.

Diante desses casos, pode ser tentador anular o impacto do novo coronavírus e afirmar que voltaremos a estado de antes tão logo o possamos. Isso pode ser verdade para parte do público consumidor, mas não para sua totalidade.

Os chineses ainda não retomaram o movimento pré-quarentena, como vimos no caso das concessionárias de veículos, que registraram 66% da circulação habitual após a reabertura. O exemplo da Zara também foi atípico para os franceses, que não presenciaram um fluxo de consumidores tão grande no geral.

A realidade é mais complexa do que esses casos isolados. Além disso, precisamos analisar as diferentes etapas do novo normal com relação à pandemia de Covid-19.

Leia também: Como a indústria da moda pode reagir à crise do coronavírus?

Padaria usa criatividade para evitar aglomeração. (Divulgação Padeiro de Sevilha no Facebook)

O novo normal no curto e médio prazo

Devemos abordar esse novo normal em dois momentos: o imediato da resposta ao novo coronavírus, até a ampla distribuição de uma vacina, e o posterior.

No curto e médio prazo, veremos adaptações em estabelecimentos para garantir maior segurança aos clientes, como a padaria de Florianópolis que está praticando o distanciamento com figuras humanas impressas em tamanho real.

Veremos também muitos vidros separando pessoas, o uso de máscaras faciais e a constante higienização. Já grandes eventos presenciais devem ficar fora do panorama por algum tempo.

O próprio comportamento do consumidor continuará sendo afetado nesse período. As tendências de encasulamento, de preferir as compras pela internet e de apoiar marcas que praticaram boas ações frente ao coronavírus estão bem documentadas em diversas pesquisas.

A McKinsey mostra que quase 40% dos brasileiros estão fazendo mais compras on-line, enquanto a RBS Intelligence revela que 53% deles ainda evitarão aglomerações na hora de comprar. A Edelman, por sua vez, aponta que 76% agirão com base na resposta das marcas à crise — ou seja, escolherão marcas com propósito.

Dados não faltam nesse sentido, inclusive para entender o futuro mais distante.

Leia também: 7 tendências de consumo para o mundo pós-Covid-19

O novo normal no longo prazo

O próximo passo é identificar mudanças mais profundas na vida em sociedade, nos hábitos de consumo e no mercado de trabalho.

No longo prazo temos três cenários possíveis:

O que nos interessa com relação ao novo normal é o que tem alto potencial de mudar. Mais uma vez, pesquisas apontam a direção.

De acordo com a McKinsey, cerca de 40% dos consumidores brasileiros pretendem fazer mais compras on-line mesmo após a Covid-19. O trabalho remoto deve se tornar prática definitiva de 74% das empresas entrevistadas no estudo da Cushman & Wakefield. Especialistas também projetam uma aceleração do uso de tecnologias educacionais, como no ensino à distância.

Além disso, as tendências de consumo do curto e médio prazo continuarão para parte dos consumidores. Outros voltarão a fazer as coisas como sempre fizeram. 

Não haverá um único normal daqui para a frente, da mesma forma que não existia antes do novo coronavírus. Vivemos em um mundo com quase 8 bilhões de pessoas, 210 milhões de brasileiros e mais de 7 milhões de catarinenses. Há espaço aí para uma variedade imensa de comportamentos. 

Mais do que nunca, os diversos segmentos de mercado e as marcas devem entender as especificidades de cada público-alvo. A tomada de decisão dos negócios precisa ser orientada por dados atuais para saber como agir de acordo.

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* Fontes: McKinsey & Company: Winning the Recovery — O novo consumidor pós COVID; RBS Intelligence: Coronavírus: hábitos de compra e consumo dos gaúchos; Edelman: Trust Barometer 2020.

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