No maior festival de inovação, cultura e criatividade do mundo, é claro que as grandes novidades tecnológicas não ficariam de fora. E nos primeiros dias do South by Southwest (SXSW) 2021 foram apresentadas diversas tecnologias de reconhecimento que devem ter bastante impacto em nossa sociedade daqui para a frente.
Tecnologias de reconhecimento: uma nova fronteira social
O anonimato morreu. Nós somos cercados por câmeras e outros dispositivos inteligentes que nos monitoram em tempo real, o tempo todo. Sistemas de reconhecimento podem usar centenas de dados diferentes para nos identificar, rastrear e prever nossas ações.
Esses sistemas já são populares e usam normalmente nossas vozes, rostos ou impressões digitais. Muitas de nossas atividades diárias agora exigem alguma forma de reconhecimento para acessar a conta no banco, o celular ou entrar em um prédio.
A tecnologia de reconhecimento permite que as empresas aprendam mais sobre consumidores e ofereçam um nível de personalização de experiência sem precedentes.
Impressões faciais
Os novos sensores, como o RealSense da Intel, usam uma rede neural para detectar e autenticar alguém apenas com um olhar e conseguem superar desafios como óculos, bonés, variações na barba ou até mesmo um copo na frente do rosto. O Alipay da China já utiliza impressões faciais em diversos pontos de venda para autenticar as pessoas enquanto elas fazem as compras, tirando o check-out da jornada do consumidor.
Disso fica a pergunta: como você está reconhecendo o seu cliente?
Impressões de voz
Hoje, os assistentes virtuais como Alexa já se utilizam de impressões de voz para reconhecer diferentes pessoas dentro do mesmo espaço, habilitando funções compatíveis com cada um. Essas microassinaturas que temos em nossas vozes também já estão sendo utilizadas pela polícia americana para reconhecer as pessoas em uma chamada de emergência e também funciona como forma de evitar trotes ou ligações enganosas.
Transcrição de voz automática
Existem muitas aplicações práticas para a transcrição automática de voz: gravação de atas de reuniões, anotações de palestras, transcrições para podcasts e shows e até mesmo com médicos e equipes farmacológicas enquanto trabalham com os pacientes. O Otter.ai é uma ferramenta de transcrição em tempo real de voz que entende acentos e aprende com o seu estilo a partir do uso repetido. O aplicativo Google Recorder, nos dispositivos Pixel, também usa inteligência artificial para reconhecer automaticamente e transcrever vozes com precisão quase perfeita.
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Tecnologias de reconhecimento já são bastante usadas em celulares. (Foto via Freepik)
Reconhecimento de personalidade
Numerosos estudos acadêmicos usam Twitter e Facebook como base para reconhecimento computacional de personalidade em experimentos. Eles buscam entender se um sistema de inteligência artificial pode prever como você vai reagir em determinada situação.
Após o caótico caso com a Cambridge Analytica em 2018, o assunto se popularizou. Agora, além das redes sociais, as empresas estão utilizando outras informações da jornada on-line como jogos, assinatura de sites, e-mails e conversas por aplicativos, para traçar personalidades.
Bancos estão aprimorando dados para prever suas futuras transações financeiras e empresas de recursos humanos usam o reconhecimento de personalidade para decidir se os candidatos a uma vaga terão uma boa adaptação cultural em uma organização.
Reconhecimento de proximidade
Em vez de coordenadas de GPS, algumas empresas estão implantando beacons para rastrear funcionários ou clientes. O Kontakt.io Card Beacon é um tradicional cartão de acesso de segurança, mas também rastreia o movimento de funcionários em todo o escritório.
A tecnologia de beacon reconhece automaticamente quando um funcionário deixou a mesa dele e pode, por exemplo, ativar o protetor de tela ou personalizar as temperaturas da sala de reuniões. É uma otimização da produtividade que pode ser utilizada na indústria, nas escolas e em outras situações.
Reconhecimento genético
No final de 2019, a popular rede de lojas Waitrose do Reino Unido fez uma parceria com a plataforma de reconhecimento genético DnaNudge. Um serviço dentro das lojas oferecia testes genéticos aos compradores e um aplicativo que notificava oportunidades de acordo com o DNA, para o consumidor fazer as escolhas mais saudáveis. Os clientes poderiam então usar o aplicativo na loja para ler códigos de barras e avaliar se os alimentos combinavam ou não com seu perfil genético.
Nos Estados Unidos, mais de 10 milhões de pessoas já pagaram para alguma empresa realizar o seu sequenciamento genético, seja para aprender mais sobre seus ancestrais, seja para verificar a predisposição a algumas doenças. Essas empresas estão cruzando os dados genéticos com as nossas informações e dados on-line para criar perfis cada vez mais profundos. Qual será o limite?
Questões envolvendo as tecnologias de reconhecimento facial
Proibição do reconhecimento facial
O debate sobre o uso de reconhecimento facial em grande escala nas cidades ainda não tem definições concretas. Apesar de auxiliar na identificação rápida de criminosos, por exemplo, a tecnologia acaba de vez com a privacidade e pode se tornar uma ferramenta de opressão e vigilância no caso de protestos ou outros atos democráticos.
O falso reconhecimento
Apesar da tecnologia ter avançado muito, em 2020 um homem foi preso injustamente nos Estados Unidos após um reconhecimento facial incorreto que o identificou como um ladrão de lojas. E esse não foi o primeiro caso assim, trazendo um grande questionamento sobre a real efetividade dessa tecnologia como prova legal. Avanços, com certeza, serão necessários.
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